quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Breve história de coicidencias...

-Estou aqui sentada nesta pedra onde muitos já passaram. A pedra do desespero por não conseguir alcançar objectivos e cada vez os verem mais longe de se concretizar.
Como fui aqui parar é uma longa história. Porque escolhi este lugar?? Só o acaso poderá ter resposta.
Mas vou apresentar os factos. A historia desde o inicio o porquê de tudo ter acontecido a esta velocidade estonteante onde a minha vida tem andado.
Aconteceu no inicio do verão, os meus pais tinham decidido que estas seriam as minhas primeiras férias sozinha, no local que eu escolhesse. a excitação era muita e com o aproximar do dia da suposta partida já nem conseguia dormitar.
*
Chegado o dia da partida, meus pais disseram que afinal eles é que iriam passar férias a outro local pois assim ficaria perto dos meus amigos caso quisesse sair a noite.
Como calculam, fiquei muito feliz... poderia ficar acordada até mais tarde, mas melhor que isso, poderia sair e convidar quem quisesse a vir até casa.
Decidi então nessa noite por sair e combinar um café com os amigos para contar a novidade e poder aliviar um pouco o stress que se tinha instalado em casa com a excitação.
Foi Carla a primeira pessoa a chegar. Estava a trabalhar e por isso não poderia ficar até muito tarde, então coloquei a conversa em dia e pedi para ela me explicar mais sobre o que estava a fazer nesse tal trabalho de verão, pois já estava a imaginar a seca que iria passar com as tardes em casa sem ter algo para fazer.
Carla começou então por dizer-me que não é um trabalho fácil, mas que dava para desenrascar e onde se criavam muitas amizades. Admito que só pelo motivo de poder conhecer nova gente e travar conhecimentos foi algo que me despertou muita atenção e me fez aceitar o trabalho sem que ela explicasse bem o que era. Mas mesmo assim ficou combinado para que no dia seguinte se apresentasse ao patrão para que ele pudesse ver se eu podia ou não começar a trabalhar lá.
Entretanto apareceu o resto das pessoas que estavam combinadas para o café e ainda deu para dar uma escapadinha pequena para namorar um pouco.
*
De manhã bem cedo apresentei-me vestida a rigor para o novo trabalho. O patrão chegou com um avental na mão e disse para o colocar pois com o aparato de pessoas que estavam a chegar, precisavam que começa-se imediatamente.
Colocou-me então a lavar pratos e copos. É o restaurante mais frequentado da vila, apesar de ficar longe da casa, Carla levava-a todos os dias e trazia-a.
O primeiro dia passou-se muito rapidamente, facto que cheguei a comentar com Carla. A essa minha observação ela apenas sorrio e continuou a conduzir o seu velho opel pela estrada fora.
*
É aqui que tudo complica. O segundo dia.
Estava excitadissima pois o primeiro dia tinha sido muito bom, mas não sonhava e muito menos imaginava este dia que estava a começar.
Cheguei de manha bem cedo com Carla e senta-mo-nos nos bancos de pedra que estavam do lado direito do restaurante. Eram bancos de pedra branca, já manchados pelo tempo. Estavam bastante frios, o que não me espantou pois o orvalho da noite tinha os arrefecido e ainda não tinha aparecido os primeiros raios de sol que posteriormente o iria aquecer.
Foi nesse compasso de tempo que alguém se aproxima e se senta mesmo a meu lado. Pelo odor do perfume que se podia sentir, pude identificar como sendo do sexo masculino. Então virei-me de modo a ter um ângulo de visão capaz de o poder olhar.
Foram os olhos mais lindos que alguma vez vira. Os cabelos encaracolados e de um castanho claro inimagináveis, mas foi o seu sorriso que me despertou maior atenção. Sem dizer qualquer palavra levantou-se e dirigiu-se para a entrada do restaurante.
Por momentos pensei que fosse um cliente, mas quando o patrão lhe entregou o avental e o tratou de um modo familiar, apercebi-me de que já trabalhava lá.
Mandaram-no ir para a cozinha que ficava mesmo frente a frente a porta onde eu estaria a lavar a loiça e durante o dia todo pude observar a sua forma meiga de falar com todos os trabalhadores e acima de tudo a forma misteriosa com que me olhava e me sorria.
Sentia-me estranhamente feliz e ao mesmo tempo curiosa sobre quem seria aquele rapaz misterioso e com ar de envergonhado.
*
E passaram-se dois longos dias de olhares misteriosos e de sorrisos marotos entre nós, até que ao segundo dia decidi por conversa.
Tenho de admitir que não foi fácil, pois como não o conhecia tinha medo do que poderia pensar.
Só que quem não arrisca, nada consegue na vida e eu tentei a minha sorte.
Nesse dia, depois de ter saído do restaurante, quando ia em direcção ao carro da Carla que já espera por mim, ele aproximou-se, apresentou-se como sendo Telmo e pediu-me o meu contacto.
Foi muito simpático em ter-se apresentado de uma forma formal, e nesse dia fartou-se de me elogiar nas mensagens que trocava comigo.
*
Os dias foram passando e a nossa amizade crescendo. Mas foi sobretudo no ante penúltimo dia que me apercebi de que Carla tinha criado ciumes de mim e por conseguinte tinha andado a dizer ao patrão que era uma má trabalhadora.
Mas isso já não me afectava, o que sentia por Telmo tinha crescido nestes últimos dias e tinha-se tornado intimo, algo significativo e indiscritivel. Só quem sentia poderia sentir a minha posição.
Nesse dia, ele aproximou-se de mais e beijou-me. Admito que gostei, mas sabia que estava a errar ao dar-lhe resposta.
Lavada em lágrimas, cheguei a casa e tomei a grande decisão de acabar tudo o que tinha com Bruno, a pessoa que tinha amado mais até ali, mas que desde que tinha começado a trabalhar, também me desiludira mais.
Deixei-me levar. Não me arrependo.
Mas hoje, passados meses depois desta aventura, estou entre a espada e a parede. Esta rocha onde estou sentada foi até onde consegui vir, conduzindo o BMW novo que meu pai me comprou para me felicitar por ter terminado a universidade.
Penso que Bruno não tem culpa que outra pessoa esteja a tomar o seu lugar, mas Telmo também não tem culpa que tenha começado a gostar dele depois da convivência e dos momentos mútuos que vivemos.
Ou seja tenho uma escolha e apesar de não querer magoar nenhum tenho medo que os dois saem magoados disto tudo. Se Carla ficasse com Telmo, facilitava-me a vida, mas também me poria a sofrer e eu sei que ele não gosta dela mas sim de mim.
Mas Bruno, a pessoas que mais gostei, irá de certeza custar a despedida, mas se tiver de ser, será.
E não passou muito tempo ate concretizar essa decisão de terminar com Bruno e ver o que se seguiria.
*
Telmo impressiona-me a cada dia que passa, a pesar da distancia que nos separa, tem-me dado todo o apoio que necessito. Adoro Telmo e queria lhe dar uma oportunidade de me fazer feliz. Mas o medo é grande e só a pedra do conhecimento, assim baptizada por mim me irá ajudar a tomar a decisão certa.
Enquanto não a tomo, é lavada em lágrimas que penso e sinto brisa a passar por entre os meus cabelos que com ela vão esvoaçando.



1 comentário:

  1. Há situações complicadas na vida que por o serem assim até duvidamos da veracidade das mesmas apesar de serem tão reais.

    Um dia tudo se irá resolver

    bjs

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